quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Amor e a Solidão

" A necessidade que o seres humanos têm de fugir à solidão está intimamente ligada ao amor. Muitas vezes, procuramos ter casos amorosos para evitar a solidão, mas a maior solidão pode ser aquela que se sentre nas fases finais e vacilantes de uma relação. A intensidade especial de um primeiro amor pode ser, em parte, uma reacção a um milagre súbito de intimidade sensual. Esta situação pode ser de uma intensidade tal que a separação, por uma hora que seja, quanto mais por vários dias, se torna praticamente insuportável. É como se parte do nosso ser nos estivesse a ser arrancada.
Numa relação estabelecida, a separação nunca é sentida exactamente como solidão, pois continuamos a sentir a presença da pessoa amada de uma forma quase física. Quando se perde a pessoa amada para sempre, a sensação de redobrada solidão pode ser devastadora.
Consciente ou inconscientemente, a nossa necessidade enquanto seres humanos de fugir à solidão está sempre presente no amor que tempos por outra pessoa.
Em geral, quem ama com mais intensidade é tambem quem sente mais vezes a solidão, quem sofre mais com a ausência do outro, com os mal entendidos, as traições e a aventual perde desse amor. Este é outro dos paradoxos do amor. Sentimos muitas vezes que seríamos capazes de morrer se não tivessemos a pessoa amada. No entanto, para construir uma relação boa e duradoura, temos também que aprender a sobreviver sozinhos."


" Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros da distância"
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Qui-la, e ela, por vezes, também me quis.
Em noites como esta, tive-a nos braços.
Tantas vezes a beijei, sob o céu infinito.
Ela quis-me e, por vezes, eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que a já não tenho, pensar que a hei perdido.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso vai na alma como o orvalho no pasto.
Que importa que o meu amor a não tenha guardado.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe, alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta por a ter perdido. "
Pablo Neruda (1904-73)


In Linguagem do Amor-Uma celebração do amor e da paixão, Tresidder, Megan.

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