terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Meu querido,
Um ano passou desde que eu e o teu pai estivemos sentados na cozinha. A noite já vai avançada e embora as palavras surjam com dificuldade, não consigo escapar à sensação de que está na altura de responder finalmente à tua pergunta.
Claro que te perdoo. Perdoo-te agora, e perdoei-te no momento em que li a tua carta. No meu coração não tinha outra escolha. Deixar-te uma vez foi difícil que chegasse; fazê-lo uma segunda vez teria sido impossível. Eu amava-te de mais para te ter deixado novamente. Embora esteja ainda a lamentar aquilo que poderia ter sido, sinto-me grata por teres entrado na minha vida ainda que por um curto período de tempo. No início, pensava que nos tínhamos conhecido para te ajudar a ultrapassar o teu período de pesar. No entanto, agora, um ano mais tarde, acredito que foi exactamente o contrário.
Ironicamente, encontro-me na mesma posição que tu te encontravas da primeira vez que nos conhecemos. Ao escrever, estou a lutar contra o fantasma de alguém que amei e perdi. Agora compreendo as dificuldades por que estavas a passar, e percebo como deve ter sido doloroso seguires em frente com a tua vida. Por vezes a minha dor é esmagadora e embora compreendo que nunca mais nos voltaremos a ver, há uma parte de mim que quer agarrar-se a ti para sempre. Seria mais fácil para mim fazer isso porque amar outra pessoa pode diminuir as recordações que tenho de ti. No entanto, este é o paradoxo : Embora sinta muitíssima a tua falta, é por tua causa que não temo o futuro. Porque foste capaz de te apaixonar por mim, deste-me esperança, meu querido. Ensinaste-me que é possível seguir em frente com as nossas vidas, or mais terrível que tenha sido a nossa dor. E à tua maneira, fizeste-me acreditar que o verdadeiro amor não pode ser negado.
Neste momento, não penso que esteja pronta, mas essa é a minha escolha. Não te culpes a ti mesmo. Graças a ti tenho esperança de que virá um dia em que a minha tristeza será substituída por algo de belo. Por tua causa, tenho a força para seguir em frente.
Não sei se os mortos podem voltar para esta terra e andar por aí sem serem vistos por aqueles que os amaram, mas se podem, então sei que estarás sempre comigo. Quando ouvir o oceano, são os teus murmúrios; quando uma brisa fresca acariciar a minha face, é o teu espírito a passar por mim. Tu desapareces-te para sempre, não importa quem vier a entrar na minha vida. Estás ao lado de Deus, junto à minha alma, ajudando a guiar-me em direcção a um futuro que eu não posso prever.
Isto não é um adeus, meu querido, é um agradecimento. Obrigada por teres aparecido na minha vida e teres-me dado alegria, obrigada por me teres amado e recebido o meu amor em troca. Obrigada pelas recordações que estimarei para sempre. Mas mais do que tudo, obrigada por me teres mostrado que chegará uma altura em que eu poderei finalmente deixar-te partir.
Amo-te,
Theresa.

By: Nicholas Sparks, in “ As Palavras que Nunca Te Direi “




1 comentário:

  1. O Nicholas não é um bocado maricas? :D

    tou a brincar!

    beijinhos*

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